Sandra Reis

Sandra Reis

Quem sou eu

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Minha vida não é uma linha reta, é cheia de curvas. Feita de encontros e reencontros. Gosto das palavras simples e humanas. Meu coração se expressa pelas mãos. Quando amo, me entrego. Sou toda feita de eros. Tantas pessoas e, no entanto, apenas esta pessoa. Meu Deus não tem religião. Ele está presente em todos os seres humanos, em toda a natureza. E todas as feridas cicatrizadas me ajudam a compreender o eterno.

sábado, 22 de setembro de 2007

Sobre a vida e a morte

Eu sempre admirei pessoas que têm habilidade de responder às mesmas situações de formas diferentes.

Passei a prestar bastante atenção ao comportamento tão paradoxal delas e isso me encantou.

Se antes me incomodava, agora as respeito.

Percebi que é necessário para a sobrevivência esse tipo de comportamento: ser, ao mesmo tempo, os opostos: amigo e distante, otimista e pessimista, enfim imprevisíveis.

E, conversando com algumas delas, compreendi que o que as fazia, ter mais de uma personalidade era a necessidade de se dar bem.

No meio dos meus cinqüenta e poucos anos, percebi que não podia mais errar comigo, com meus filhos, com meu trabalho e meus amigos. A autoridade deveria vir de dentro de mim. Há muitos caminhos a seguir, quando se precisa sobreviver.

Não tenho medo da morte, não me assusta. Mas quando meu filho me questiona:

-- Quem irá me proteger, depois de sua morte?

Então, o tempo me parece curto. É um caminho de incertezas onde eu sinto que é a minha última chance de fazer algo que realmente valha a pena nesta vida.

Só há uma coisa certa: eu não sei todas as respostas. É um sentimento de impotência.

Tenho uma amiga que nunca aceitou estar morrendo de câncer e sempre me dizia:

--- Por que eu?



Conheci crianças que são portadoras do HIV e que lutam pela vida com todas as forças.

Algumas, carentes de afeição, precisam que alguém as ame incondicionalmente.

E, então, penso como meu filho tem sorte por ser saudável fisicamente.

Temos alternativas, não precisamos pensar só de uma maneira.

O modo de ver sua experiência pessoal de uma forma descontraída e ao mesmo tempo

aceitando com alegria, sabendo que é aqui que podemos resolver tudo agora e não em outra vida, nos faz acreditar que as coisas são exatamente do jeito que deveriam ser.

Mas, além de se aceitar, é preciso buscar dentro de si mesmo todas as ferramentas necessárias para continuar não agindo e pensando de uma só forma. E aí que reside o problema. Nem todos são persistentes quando precisam ser.

É isso que gostaria de passar para meu filho. A flexibilidade ao lidar com as situações.

Gostaria de citar algumas frases de Tanussi Cardoso, esse poeta visceral, que fala da vida e da morte como ninguém:

--- " Quem morre antes? o morto ou seus objetos?"



-- " Sei não, acho que só vou morrer depois de mim."



Nascemos e morremos muitas vezes na vida. Morri um pouco quando minha neta

foi embora. Mas um Deus insiste em mim.

Ainda não passei por todos os estágios da vida. Ainda não cheguei ao estado final

de " sannyasin", a fase de " quem não ama nem odeia coisa alguma".

E, não sei, sinceramente se gostaria de chegar a este estágio da vida.

Ainda quero amar muito. Apenas descobri que o que antes tanto me agradava, agora já

não significa muito. São valores que estão sendo substituídos.

E são eles o bem maior que posso deixar para meus filhos.

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