Sandra Reis

Sandra Reis

Quem sou eu

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Minha vida não é uma linha reta, é cheia de curvas. Feita de encontros e reencontros. Gosto das palavras simples e humanas. Meu coração se expressa pelas mãos. Quando amo, me entrego. Sou toda feita de eros. Tantas pessoas e, no entanto, apenas esta pessoa. Meu Deus não tem religião. Ele está presente em todos os seres humanos, em toda a natureza. E todas as feridas cicatrizadas me ajudam a compreender o eterno.

domingo, 22 de abril de 2012

Pressentimento

Se eu te ti me esquecesse,
não mais seria a mesma.
O sonho, com sua efêmera essência,
se apagaria e levaria
toda a magia
que guardo no pensamento.

Se eu te ti me esquecesse,
não mais veria aquela estrela
que brilha no céu da esperança
e reflete no imenso mar
de imagens turvas e mansas.

Mas o amor, fonte da vida
que encanta e transcende
me mantém intacta e me restaura,
pois se o sentimento morresse
e eu de ti me esquecesse
perderia a minha alma.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Desalento

Meu ombro pesa.
Tenho comigo um cofre
cheio de lembranças.
Faço da esperança
companheira invisível.

E permaneço atenta
dia após dia.
Qualquer descuido,
a tempestade surge
ao acaso.

Tenho comigo um baú,
cheio de desejos.
Por isso, fabrico sonhos
e resgato em mim a criança
que nunca deixou de ser.


O tempo sempre me assombra.

Espera

Ando vasia de palavras
como se estivesse
à espera de um chamado.

Talvez não haje estradas,
apenas labirintos
onde faço sempre o mesmo caminho.

Domestico os meus demônios
enquanto as palavras me fogem
e a solidão me afoga.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Inspiração

Para escrever um poema
preciso de solidão.
Ser imprevisível, mutante, complexa
como um camaleão.

Para escrever um poema,
careço de um ato de graça
que una o destino
do caçador e da caça.

Não basta ter dois amantes,
sentimentos sem autor,
porque a vida é um instante
e a mão, um ato de amor.

É preciso a palavra certa,
um facho de luz na memória,
como um dardo atravessando a pele
para contar uma história.

Para escrever um poema,
necessito de um momento,
único, solitário, só meu,
na explosão de um sentimento.

Album de retratos

Já era noite e a lua desceu até nossa janela.
Sentada no chão, a menina brincava com seus brinquedos coloridos.
O gato observava tudo.
Eu assistia um filme na TV. A cachorra se aconchegou a meu lado.
Fiz do sofá minha cama.
Na cozinha, minha filha preparava uma comida mexicana.
Olhei para minha neta e por um instante fiquei em estado de graça.
Como um flash tudo aquilo me vem na memória.
Quando se rompe o tênue fio que une o ontem e o amanhã,
o tempo pára. E se eterniza no agora.

Liberdade

Abro as portas da noite,
caminho sob meus passos, sem chão.
Passo por universos estranhos.
O meu, já não o alcanço com as mãos.

Visito lugares perdidos,
Meus pensamentos viajam.
Deixo meu mundo pequeno,
certa de que anjos no céu me aguardam.

Transmutação

Nenhum deus sem tino
toma as rédeas de meu destino.

De repente o sol da noite surge
como um fio mágico,
levando a outros caminhos.

Mas há sempre amor sobrando
para ser doado,
a quem cruzar comigo,
em minha vida.

Confidências

Hoje não quero deslembranças pois elas são feitas de dor.
Hoje eu quero um verso que agite meus sentidos.
Hoje não quero ficar no controle.
Eu quero um Deus sereno que me abrace
pacientemente, e viva em minha vida
como um rio que segue na correnteza
levando seu amor.
Não nasci sabendo de mim. Foi preciso uma vida para explodir
em mil pedaços e me juntar novamente.
Hoje eu vejo mais longe, mas não digo tudo que sei.
Às vezes é melhor não se expressar com as palavras.
Algumas machucam tanto que as feridas não cicatrizam.
Hoje eu sou minha própria esperança.
Escrevo o que vivo. E isso me dá prazer.
Mas preciso dizer que nada, nada me dá mais emoção doque apenas
sobreviver.