Sandra Reis

Sandra Reis

Quem sou eu

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Minha vida não é uma linha reta, é cheia de curvas. Feita de encontros e reencontros. Gosto das palavras simples e humanas. Meu coração se expressa pelas mãos. Quando amo, me entrego. Sou toda feita de eros. Tantas pessoas e, no entanto, apenas esta pessoa. Meu Deus não tem religião. Ele está presente em todos os seres humanos, em toda a natureza. E todas as feridas cicatrizadas me ajudam a compreender o eterno.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Vibração e Poesia

Sintonizar com a 5ª dimensão é mais fácil. Pois é nosso próximo estágio. Em geral pureza de sentimentos e serenidade são dois requisitos úteis ao ajuste de freqüência. Meditação, cantar de mantras, oração, poesia, são formas de fazer sintonia 5D.
Escrever poesia é um modo atraente de sintonizar. Também a leitura de poesia comprometida com ideais elevados, de beleza, magia e espiritualidade. Tipo Kalil Gibran, Rabindranat Tagore ou Rainer M. Rilke, Isto eleva o pensamento, ajuda a descolar um pouco desta parafernália, este torvelinho social, este caos urbano que nos ameaça, dirigindo a alma para uma capacidade de enxergar no alto da montanha, ajudando a discernir os caminhos.
Este pensamento de 5ª dimensão acalma as emoções, traz um sentimento de alívio. Assim começa o treinamento para tornar-se um viajante multidimensional. Vivendo na 3D, saber focar a 5D para seguir com este foco na vida, a fim de realizar mutações na freqüência que ajudem a fazer uma passagem suave para a vida tempo-espacial da 5D. Os monges Zen, por exemplo, perceberam que a consciência expandida é a freqüência perfeita do ser. Na 3D há muita estática, muita dissonância. Na verdade não há trabalho mais urgente que ajudar as pessoas a relaxar, aprendendo a viver em estado meditativo.
Quem consegue o domínio desta consciência 5D, torna-se muito seguro de si, muito exato. Aprende a desviar-se das situações que o constrangeriam a uma sintonia 3D, tais como discussões, auto-piedade, ambientes impuros, substâncias tóxicas. E volta-se ato contínuo para uma lembrança básica que naturalmente eleva a consciência através da 5D e até mais além. É o pensamento de que Só Existe Deus.


(Targon Darshan)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ode ao gato ( Pablo Neruda)

Os animais foram imperfeitos,
Os animais foram imperfeitos,
compridos de rabo, tristes de cabeça.
Pouco a pouco se foram compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, vôo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana
viva,
da noite até os seus olhos de ouro.
Não há unidade como ele,
não tem a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa só
como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só ranhura
para jogara as moedas da noite
Oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
certamente não há
enigma
na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e
pertence
ao habitante menos misterioso,
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gatos, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos
do seu gato.
Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica,
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,

os funis vulcânicos do mundo,
a casaca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos tem números de ouro.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Criança de Gaza

Vêm comigo.
Canta, dança, corre...
coloca o manto da alegria.

Deixe tua imaginação voar com as andorinhas
Ressucitas os valores errados e sonhe.
Sonhar?

Nunca podereis saber porque teus sonhos
dormem nas pedras.
Porque não tocaste o mistério da vida.

Vou te contar criança,
sobre as ondas que quebram na areia,
sobre a mágica esperança,
sobre o colorido das flores.

É tempo de cinzas. Desencantos.
Só os seres humanos maculam
o amor de Deus. E no entanto,
Ele se encontra em toda parte.

Voe no vasto céu como passarinho.
Nem pergunte onde irás.
Só assim, desfarás fronteiras,
e o teu caminho será de paz.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Poesia, o nada que é tudo ( Affonso Romano de Sant'Anna)

Certa vez, o escritor argentino Santiago Kovadlof narrou que era adolescente quando entrou na sala de aula um professor que começou dizendo: “Quero lhes comunicar que sou professor de filosofia. E que filosofia não serve para nada”. Isto posto, diante da perplexidade dos alunos, acrescentou: “Peço-lhes apenas alguns minutos de atenção que vou lhes explicar o que é o ‘nada’”. Ao final da aula, diz Kovadlof, o seu futuro estava decidido: seria professor de “nada”, ou seja, de filosofia. Pois com a poesia ocorre algo semelhante. Dizem que a poesia não serve para nada. E, no entanto…

Quando lhe disserem que a poesia não tem mais lugar nesse mundo dos diabos (porque no dos deuses sempre tem), não acredite. Quando lhe disserem que no planeta Bush continuam erguendo muros para separarem homens e culturas, observe que a poesia ainda pode congregar vozes e esperanças. E se eu tivesse dúvidas sobre isto, aqui nesta Feira de Livros de Frankfurt, onde as notícias , em geral, giram em torno de cifras de milhões, tanto de leitores de tal ou qual autor ou, então, de quanto o romancista X ou Y recebeu de adiantamento por um livro ainda não escrito, nesta feira pragmática e globalizada, a poesia abriu um clareira nos espessos interesses da selva capitalista.

É que, no meio de tantos estandes onde os livros, como num esquife, aguardam que alguém lhes dê vida com o sopro de sua leitura, o “Internazionales Zentrum” instalou um auditório onde poetas convidados se apresentam. E preparou uma jornada especial chamada de “A noite dos 1001 poemas”, onde oito poetas selecionados, da China ao Iraque, da Argentina à Angola, do Marrocos à Guatemala, do Canadá ao Brasil, dizem seus poemas. Enquanto falamos, aparece num telão a tradução para o alemão. E após uma espécie de “talk show”, em que cada um responde questões sobre sua vida e obra, atores alemães fazem a leitura final de mais poemas de cada autor. São cinco horas ininterruptas de poesia. As pessoas passam, param e ficam ouvindo esses estranhos seres caídos de outra galáxia.

O primeiro a apresentar-se é Humberto Ak’abal. Ergue-se com sua cabeleira de índio maya, com uma camisa branca com bordados coloridos e alguns colares no pescoço, e entoa um poema-hino, como o faziam os shamans de sua tribo, desde os tempos imemoriais do canto cosmogônico maya - o Popol Vuh. De repente, na moderníssima Frankfurt, cheia de prédios de aço e vidro, estamos em torno da fogueira acesa da palavra. E assim, até o final, quando o poeta marroquino Abdalla Zorika e sua esposa, a cantora Touria Hadrouni, sem acompanhamento instrumental, com a pureza tocante de sua voz, arranca das margens milenares do Mediterrâneo a lembrança de que poesia essencialmente é canto e palavra.

Durante a apresentação dos colegas, eu tentava olhá-los com a estranheza que se tem que ter nos olhos quando queremos entender algo em toda a sua “estranhidade”. Por exemplo, aquele poeta chinês Xiao Kaiyn lendo seus textos e eu imaginando-o, lá nos arredores de Pequim, juntando seus caracteres para expressar sentimentos e perplexidades, tanto quanto esse iraquiano Sangon Bouloes ou a poeta da Indonésia, que ouvi ontem, assim como o francês-espanhol Claude Esteban, que noutra oportunidade se apresentou. Ali está Ana Paula Tavares, falando de sua sofrida Angola, Carmen Boulosa narrando a tragédia que viveu naquele 11 de setembro em Nova York, e Todd Swift, irrequieto e criativo poeta canadense, convertendo guerra e história em poesia. E, no entanto, dizem que a poesia não interessa a ninguém, que os poetas não têm nada que fazer nesta cruel sociedade eletronicamente bilionária e humanamente miserável

Nisto tudo, algo intrigante e mágico. Mesmo quando os poemas eram falados numa língua que não se entendia, uma imponderável comunicação cruzava o ambiente. A voz, ou seja, o fluir vibrante de uma certa melodia e ritmo; o corpo — mesmo os pequenos gestos intencionais e involuntários — ou o brilho no olhar constituíam parte de um texto expressivo. Isto lembrava-me de algo narrado por Chomsky- esse cientista da linguagem que narrou que um certo linguista, assistindo à leituras de poemas em línguas que não conhecia, era capaz de dizer quais eram os melhores e piores poemas e até a apontar quem seria o vencedor.

Pode até haver um certo exagero em quem narrou-me essa história, mas isto lembra-me Alfonso Reyes e seu célebre estudo sobre as “jitanjáforas”, nome que deu a esses poemas que são jogos de palavras aparentemente ininteligíveis, mas que acabam por exprimir e/ou comunicar alguma coisa, tanto nos rituais quanto no dia-a- dia.

Minha cabeça tenta entender essa coisa intrigante. Se os editores dizem que poesia não vende, que poesia não rende, que ninguém compra poesia, que poesia não se negocia nas bolsas de valores, então, Senhores do Conselho de Sentença, dizei-me vós, por que cresce cada vez mais o número de poetas sobre a terra? Se a poesia não serve para nada, e se “lutar com palavras é a luta mais vã”, porque milhões de poetas recomeçam essa luta “mal rompe a manhã”?

Na verdade, na verdade vos digo: há mais poetas hoje que ontem, e amanhã haverá mais poetas que hoje. E o caso da poesia é o mesmo da arte em geral. A poesia, como a arte, não morre nunca, porque mais que um gênero literário, é uma “função” da mente humana. Ela dá voz a algo que nenhuma outra arte ou forma de expressão pode expressar por ela. E algumas, não poucas, mas milhões e milhões de pessoas têm necessidade da poesia como uma “segunda língua”. Por isto cantam, por isto escrevem, por isto pegam seu dinheirinho e editam seus livros ou saem mundo afora falando seus poemas. E ao contrário da maioria das outras artes, que se transformaram predominantemente em negócio, a poesia vive uma situação ambígua: porque a palavra do poeta não se converteu em “commodity” e produto descartável que segue a moda e o mercado, ela guarda uma autenticidade e uma independência que a singularizam.

Retomemos aquela afirmativa inicial de que a poesia e a filosofia não servem para nada. No entanto, como já o disse em outro texto e contexto, reinventando as leis naturais de Lavoisier:

“Na poesia nada se perde. Na poesia o nada se cria e o nada se transforma”.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Feliz Ano Novo

A tarde está quente. O sol se põe e a lua aflora. Ao longe as estrelas sorriem porque um ano novo se inicia. Os céus se alegram e as pessoas fazem planos, cheias de esperança, e sonham
como crianças. Jogam flores no mar, convocam todos os deuses, aliados invisiveis que nutrem a
realidade com sua magia.
Nesta noite celebramos o agora e buscamos o Graal que está em gestação no mundo encantado de nossa imaginação.
Casais brincam, colocam antenas de Ets na cabeça, fazem pose e tiram fotos. Quem se importa
com aparências? Hoje é festa!
De repente penso se essa antena atrai toda a energia da felicidade, se ela cura nossos ferimentos, se tem o poder de juntar nossos eus partidos e abrir nosso coração. E, contrariando
minha razão, que a acha muito ridicula, num gesto de coragem a coloco. Minha mão, ainda revoltada com o uso da força, treme. Me olho no espelho que tenho na bolsa. Meu olhar está alegre e abro um largo sorriso. Claro, se sou energia, não preciso de nenhuma antena! E a devolvo à sua dona. A partir de agora, posso atrair toda a felicidade, simplesmente com o meu
olhar!
E selo um compromisso mágico comigo mesma.